Santa Melangell, a padroeira das lebres e dos coelhos

Sou profundamente obcecada por santos eremitas, principalmente quando se trata de histórias celtas, galesas, irlandesas… Para mim é uma grande satisfação poder unir muito do que amo em um santo católico. Esta semana descobri alguns santos galeses porque vi uma publicação do Padre ortodoxo Andrew Stephen sobre São Twrog, o que me instigou no momento a pesquisar mais sobre santos que nasceram na região norte da Europa. Acabei encontrando uma santa eremita que despertou muito meu interesse porque ela é representada junto de uma lebre (ou um coelho). Quando vejo algum santo junto de um animal ou natureza, quero mergulhar profundamente na sua história!

Estou falando de Santa Melangell. Ela foi uma princesa irlandesa que fez votos de castidade e abandonou suas riquezas e a realeza após seu pai querer que ela se casasse. Ela abdicou de todo seu conforto e glória para cumprir seus votos e seguir Jesus Cristo. Então ela passou a viver na natureza, imagino que cercada de verde, acordando com os primeiros raios de sol e a primeira sinfonia dos pássaros, contemplando o clarão do luar e das estrelas enquanto tinha a dádiva de rezar no absoluto silêncio…

Mas um dia, após 15 anos sem ter visto pessoa alguma e muito menos algum homem, ela estava rezando profundamente quando uma lebre surgiu de repente, saída de um matagal e se escondeu sob sua roupa, parecia que a lebre sabia que sob a proteção de uma santa, homem algum lhe ousaria fazer mal. Esta lebre estava sendo perseguida pelo príncipe galês de Powys, Brochfael Ysgithrog e pelos cães. O Príncipe assm que chegou perto, ordenou aos cães a pegarem a lebre, mas os cães não o obedeceram, talvez devido a bela imagem da Santa em sua profunda devoção. Apesar de ser de direito do Príncipe, porque estavam em suas terras, Melangell não se intimidou e não desistiu de proteger o animal.

O Príncipe ficou tão espantado com a cena e a beleza da santa que desistiu da caça. Então ele declarou que aquele lugar fosse um santuário à devoção a Deus e um refúgio para todos que precisassem, especialmente as lebres. Assim, muitas mulheres com desejo de se consagrarem se deslocaram para lá e Melangell cosntruiu um mosteiro feminino e tornou-se abadessa durante 37 anos até a sua morte.

Realmente, a história nos mostra que a vila Pennant Melangell não houve mais mortes de animais durante a vida de Santa Melangell, não apenas as lebres, mas outras criaturas de Deus estavam seguras sob a sua tutela e a história também conta que até mesmo animais selvagens ficaram mansos quando viviam na área.

Santa Melangell foi declarada santa e padroeira das lebres e coelhos. Há uma oração para se fazer caso você encontre um desses animais sendo perseguidos: “Deus e Santa Melangell estejam contigo” e então o animal escaparia. Sua festa é celebrada dia 27 de maio.

Fiquei muito inspirada em tentar representar esta santa da maneira mais bonita que pude. Escolhi um vestido rosa porque eu tinha em mente em fazer um fundo verde para representar o local onde ela viveu, a natureza. Além disso, considero o rosa uma cor linda e alegre. Preferi um coelho branco a uma lebre castanha porque o branco se destaca ainda mais nas cores verde e rosa. Em uma mão, Melangell protege o coelho e na outra segura uma Cruz feita de gravetos, simbolizando a sua devoção a Cristo. A ilustração foi feita em papel A4, 300g. Utilizei aquarela, lápis de cor e um pouco de tinta acrílica.

Santa Melangell, rogai por nós!

Obrigada pela visita. ♡

O adubo serve para frutificar

As pequenas misérias” também têm seu valor.” – Cartas a Théo, Vincent van Gogh.

Existe no livro A Arte de Aproveitar as Próprias Faltas uma metáfora sobre o adubo, uma matéria proveniente das “pequenas misérias” de seres vivos pequeninos, ser de grande utilidade aos jardineiros e agricultores. É este adubo que fortalece e frutifica os jardins e, de maneira semelhante, ocorre o mesmo com as faltas que são cometidas durante toda a vida, sejam pecados graves, ou veniais, ou pequenas imperfeições.

De maneira alguma é insinuado que o pecado seja bom por si mesmo. Evidentemente que não o é. Porém o leitor é ensinado a se utilizar de algo tão abjeto, que são as faltas cometidas, sejam elas deliberadas ou não, para o seu progresso na vida espiritual. Este crescimento se dá de tais modos: se humilhando diante de Deus e clamando por Vossa misericórdia; não se perturbando ou admirando por ter caído; meditando sobre o Amor de Deus e a Sua benevolência; inclinando o coração a uma grande esperança.

Um dos problemas que podem surgir quando nos desesperamos é de nos avaliarmos em cada pequenez de nossos atos e pensamentos, digo por experiência própria. Ter entrado em contato com os escritos e direções que São Francisco de Sales fez às pessoas, trouxe grande alívio ao meu coração e acabei lembrando-me de várias coisas como algo que está no livro Eclesiástico. É dito o seguinte: “Não procures o que é elevado demais para ti; não procures penetrar o que está acima de ti. Mas pensa sempre no que Deus te ordenou. Não tenhas a curiosidade de conhecer um número elevado demais de suas obras, pois não é preciso que vejas com teus olhos os seus segredos. – Eclesiástico, 3.

Bem, reflito que até mesmo a averiguação se permitimos ou não um pensamento intruso, por exemplo, são acontecimentos que não devemos procurar penetrar, pois é algo que está acima de nossas capacidades. Devemos sempre lembrar da infinita misericórdia de Nosso Senhor Jesus e caminharmos com confiança.

O livro foi de grande ajuda, mas considerei muito repetitivo em alguns momentos, o que me deixou um pouco desmotivada durante a leitura. Por outro lado, gostei muito de ter conhecido algumas histórias reais que não fazia idéia. Uma delas foi o que o Jesus disse a Irmã Benigna Consolata Ferrero. São palavras completamente consoladoras e as deixarei aqui para relembrá-las nos momentos que elas se tornarão um bálsamo.

“Não me deixo afastar pelas misérias, contanto que eu encontre boa vontade. Meu amor se alimenta consumindo misérias; a alma que me traz mais misérias, com tal que seu coração esteja contrito e humilhado, é a que mais me agrada, porque me fornece ocasião de cumprir mais plenamente o meu ofício de Salvador.”

Obrigada pela visita. ♡