Os Irmãos Karamázov

Após um tempo que iniciei a leitura de Os Irmãos Karamázov pensei que é uma obra muito incrível e que certamente eu não conseguiria escrever sobre ela da maneira que esta merece. Mas eu mudei de idéia, e este é o motivo de estar aqui tentando extrair tudo o que me marcou durante a leitura. Eu também pretendo postar mais sobre minhas leituras e o que assisto (preparem-se para resenhas de Chapolin Colorado! kkk).

O romance é sobre uma família conturbada. Ela é composta pelo pai Fiódor Pavlovitch Karamázov e os seus três filhos: Dmitri (é um irresponsável e libertino), Ivan (niilista, tem a mente atordoada) e Aliocha (gentil, caridoso, muito devoto).

Dmitri vive de bebedeiras, gosta de brigar, está noivo de Kátia, mas é infiel, não sabe o que é o trabalho. Ivan ao longo da história demonstra sofrer por questões e dúvidas que lhe assolam. Aliocha demonstra ser o único sensato nesta família, sempre diz a verdade, possui um coração muito puro e deseja seguir a vida religiosa, mas se ele será religioso ou não só saberão se lerem o livro.

Há uma vastidão de temas tratados, mas gostaria de me ater só a alguns. Um deles é o fato de quanto mais longe de Deus, mas o coração do homem se corrompe. O personagem Ivan com o seu poema O Grande Inquisidor expõem todo o seu orgulho, sua desesperança e seu desespero. Em outro momento, ele chaga a comentar que se Deus não existe, tudo seria permitido. Uma tentativa de desculpar o que há de ruim em seu coração e comportamento, já que para ele Deus não existe. Inclusive, é uma lástima que o seu poema seja a parte do livro a mais discutida entre os leitores. Porém, após este poema, vem o frescor e a verdade reveladas na história do Pe. Zózimo, por favor fiquem atentos porque toda a beleza estão nesses relatos descritos por Aliocha.

Então Aliocha é o único que consegue se aprofundar na alma de Ivan, ele sabe exatamente a essência do seu irmão. Ele é muito observador.

Algo também tratado é o tema do socialismo. O próprio autor foi um, mas durante o tempo que passou preso na Siberia, ele se convertou e regressou a fé. Este tema é abordado um pouco no começo quando os personagens estão no mosteiro e um pouco mais a frente entre Aliocha e um jovenzinho.

Quando eu li esta frase tentei entender o porquê um socialista cristão é mais perigoso que um ateu. Então me veio em mente que o motivo é de que quando mais uma mentira estiver próxima da verdade, mais perigosa ela é.

Como eu descrevi anteriormente, de maneira sucinta, o irmão Dmitri gosta de brigar, de viver bebendo e não é fiel a noiva. Ele é assim porque é movido pelas suas paixões mais baixas, o mesmo diz a si mesmo que irá mudar, deixar o seu orgulho (este vício é tratado de forma maestral, a propósito). Só adiando sua conversão até que ocorre algo crucial em sua vida que o faz refletir que foi preciso um acontecimento marcante para ele cair em si e se redimir dos seus pecados.

Há um dilema moral sendo travado no coração de Dmitri, há um trecho no próprio livro que diz que a batalha entre Deus e o demônio acontece no coração do homem. Apesar de Dmitri não ser culpado, ele ainda assim se sente desta maneira por causa do seu desejo. Cristo nos diz que mesmo que alguém não seja uma adúltero de fato, mas se lança um olhar de cobiça a outro, já o cometeu em seu coração. Este é o drama de Dmitri Karamázov e o seu arrependimento é uma das passagens mais emocionantes da história.

Os Irmãos Karamázov é um romance perfeito e com certeza se tornou um dos meus favoritos! É uma prosa apaixonante, repleta de filosofia, psicologia, moral, poesia, teologia, há também um pouco de romance policial, investigativo… Nos saltam aos olhos, através de seus personagens, os vícios, as virtudes, o combate interior que cada um enfrenta. Não é atoa que é considerado um clássico, pois ele aborda questões eternas, questões que se apresentam em todo ser humano em qualquer época da história.

Termino com esta frase do Aliocha pois achei sensacional, e obrigada pela visita. ♡

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