Beatrix Potter nasceu em Londres, em 1866, na metade do reinado da Rainha Vitória. A prosperidade foi uma grande característica desta época, inclusive no mundo da arte, pois havia a escola de pintores pré-rafaelitas, caracterizada por sua extrema atenção aos detalhes. Os pré-rafaelitas encorajavam outros artistas a produzirem pinturas que celebravam a beleza da natureza e eles atraíram fortemente famílias prósperas como os Potters.
A menina Potter foi uma criança solitária e reclusa e este fato contribuiu para ela desenvolver apreço pelo desenho e pintura, logo estas ocupações se tornaram o seu principal interesse. O pai da Beatrix também foi um pintor, talvez esse dom tenha herdado dele e o Senhor Potter foi o primeiro a incentivar sua filha a ser uma artista das tintas. Sua mãe também praticava pintura em aquarela, da maneira amadora que tantas mulheres vitorianas faziam. Mas Beatrix era uma profissional de todo coração e passava horas se dedicando a estas atividades.
Em 1881, ela recebeu um Certificado de Estudante de Arte do Departamento de Ciência e Arte do Comitê do Conselho de Educação. Ela desenhava não apenas seus animais de estimação, mas também plantas, objetos e fungos: estes últimos se tornaram um interesse muito forte com o passar dos anos. Beatrix recebeu educação domiciliar, era a sua governanta que lhe ensinava e anos depois ela escreveu: “Graças a Deus, minha educação foi negligenciada“.
Um dia, Beatrix decidiu ilustrar sua própria história que publicou em privado em uma edição de 250 exemplares, o famoso “The Tale of Peter Rabbit“. No ano seguinte, 1902, o livrinho foi publicado pela Frederick Warne & Co., com as ilustrações da autora impressas em cores. O formato se tornaria mundialmente famoso e é substancialmente o mesmo hoje. Peter Rabbit foi seguido nos onze anos seguintes por outras dezoito histórias, incluindo dois contos breves e simples para crianças pequenas em formato panorâmico e extraível. Seu sucesso foi imediato.
Sobre suas inspirações e técnicas com a aquarela
Beatrix aprendeu a fazer pintura a óleo e aquarela, este último tornou-se o seu predileto. Suas primeiras pinturas maduras usaram uma técnica de pincel a seco de precisão miniaturista. Quando jovem, ela admirava o uso de cores por Raphael, que ela descreveu como “maravilhoso, claro, transparente e brilhante, mas suave e gentil“. Era uma qualidade que ela aspirava em seu próprio trabalho, em pinturas de roedores e salamandras, bem como em estudos detalhados de carrapatos e cogumelos.
Ela percebeu que corria o risco de ter um trabalho excessivamente marrom (daí o lenço vermelho de Benjamin Bunny, por exemplo). Um dos elementos mais essenciais para o estilo realista único de Beatrix é seu poder de observação. Ela passou anos estudando a natureza, os insetos, os fósseis e os fungos que certamente treinaram seu olhar aguçado. Usando um lápis leve de grafite e fazendo uma marca suave sobre o papel, obteve um esboço com formas naturais e delicadas.
“Tudo era romântico na minha imaginação“, Potter escreveu uma vez. Nas muitas centenas de pinturas em aquarela que ela completou antes que sua visão começasse a piorar na meia-idade, ela equilibrou o romance com uma sinceridade não afetada, nascida de seu grande entusiasmo ao longo da vida pelo mundo natural.
Beatrix também se inspirou bastante pela paisagem do local onde vivia. Ela passou a viver em uma vila que se aninha entre colinas baixas arborizadas com afloramentos rochosos, com altas paredes de pedra e campos tranquilos. Um ambiente bastante caseiro que logo serviu de paisagem para suas ilustrações e até hoje alguns desses lugares se assemelham bastante aos seus livros.
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