“Weeds are flowers too, once you get to know them”. – Winnie the Pooh, A. A. Milne.
Não lembro muito bem como comecei a gostar de estudar, acredito que já nasci desse jeito porque uma das minhas lembranças mais antigas na escola era o entusiasmo que eu sentia ao pegar o livro e folheá-lo para saber o que iríamos aprender naquele ano. Alguns assuntos em específico faziam o meu coração radiar de tanta alegria. Tal sentimento continua ardendo em meu coração, e é uma das coisas que mais me dão felicidade e paz na vida!
Então por esse motivo, não consigo dizer quando tudo começou, pois tudo já estava lá… Penso que com o decorrer da vida fui aprimorando os meus gostos, e apesar de uns adormecerem, eles eram despertados logo após uma brisa suave trazer o perfume do interesse.
Bem, na juventude dessa experiência, tive uma mentalidade pueril de achar que só porque se tratava de um livro, tudo ali era verdade. Infelizmente, muitas coisas podem ser falsas e existem escritores desonestos. Foi o que mais notei quando vi que muitas coisas ditas sobre a Igreja Católica e a Idade Média não condizem com os fatos. Cito esse exemplo porque é o que eu tenho mais familiaridade. Mas apesar disso tudo, não penso que tenha sido ruim essa fase, pois eu aprendi muito e tirei tanto proveito! Na verdade, eu sou muito grata por ter passado pela ilusão, creio que me deixou mais forte.
Apesar dos tropeços ou das ilusões, tem algo que eu fazia que acredito ser muito necessário: não temer estudar alguém ou algo que não faz parte de um determinado “cânone”. Agora vem o meu desabafo… Muitas vezes eu compartilhava algo que estava lendo, seja algo teórico ou uma literatura clássica, e às vezes alguém me criticava por estar lendo “coisas perigosas”. Perigo?? Eu dou risada na cara do perigo! (Eu assisti O Rei Leão um dia desses haha). Brincadeiras à parte, jamais passou pela minha cabeça que só porque eu estava lendo um livro sobre baleias, eu automaticamente me transformaria em uma baleia!
Sinto verdadeiro amor pelo conhecimento, pela sabedoria milenar, amo aprender e comparar coisas. E esse amor me faz ter o comportamento semelhante das abelhas, pois elas conseguem fabricar mel extraindo matéria prima dos lugares e coisas mais inacreditáveis! Sabia que a abelha jataí consegue produzir mel até do excremento de outros animais?
Tenho um espírito explorador. Tanto na natureza, quanto nos grandes saberes da humanidade. Explorar na natureza não me deu apenas o deleite de estar nela, mas também o de encontrar encantos em lugares que não pareciam tão atrativos. Ouso dizer que o melhores achados que tive, foram quando olhei para o que é desprezado. Acho que quem realmente ama estudar, não deve desprezar nada e nem ninguém. O desprezo pertence aos orgulhosos, e a sabedoria aos humildes. A humildade é o princípio de tudo! Se Dante Alighieri desprezasse os “pagãos”, provavelmente não teríamos A Divina Comédia.
Voltando ao desabafo… Bem, admito que eu não gosto quando alguém que não me conhece e não tem nenhuma responsabilidade para comigo, me diz o que eu devo ou não fazer, nesse contexto, o que eu posso ler ou não. Eu tenho que respirar muito fundo para não perder a paciência, outras vezes eu fico completamente sem reação diante da loucura. Enfim, vou deixar uma frase de Hugo de São Vitor porque eu tenho certeza que ele me entenderia.
“Um estudante prudente ouve com felicidade todas as teorias. E as estuda, não desprezando qualquer escrito, pessoa ou doutrina que lhes chegue aos olhos. Sem qualquer distinção, notando algum conhecimento que lhes falte, pedem para que lhes sejam dados, porque não levam em consideração o quanto conhecem, mas sim o quando ignoram! Portanto, os verdadeiros estudantes repetem o dito platônico: “Mais me inclino em aprender com modéstia o conhecimento de outras pessoas do que inserir impudicamente isto é, de coagi-las a aprenderem os meus conhecimentos”. – A Arte de Ler.
Obrigada pela visita. ♡
Amei o desabafo e me identifiquei muito porque durante a graduação em história eu preciso ler autores com ideias que eu definitivamente não compactuo, imagina se fosse levar ao pé da letra isso que o pessoal defende por aí sobre não ler “coisas perigosas” haha
Sobre a Divina Comédia e paganismo da antiguidade, o Chesterton diz em “O Homem Eterno”: “Mas na realidade os rios da mitologia e da filosofia correm paralelos e não se misturam até encontrar-se no mar da cristandade.” 🙂
Te entendo completamente! Esse medo de lidar com o diferente e de se permitir ser questionado é muito ruim, porque te faz viver dentro de uma bolha e, no final das contas, te enfraquece. Acho que os momentos em que mais aprendi foi quando me abri para coisas, livros e pessoas novas. Eles me ajudaram a entender melhor a realidade, a minha própria fé e os meus valores. Continue em frente, querida. É assim mesmo hahaha Aliás, gosto muito dessa citação de Hugo de São Vito.
Obrigada, Gabriela! Extamente, quando a gente se abre, podemos aprender muitas coisas interessantes e passar um tempão pensando a respeito. <3
Que descoberta linda esse blog. Curiosamente estava pesquisando sobre o Pequeno Urso e encontrei seu texto sobre. Fiquei apaixonada pela estética utilizada. Sou apaixonada por leitura, bosque, floresta, árvores, e todas essas coisas que nos levam a uma sensação de conforto. Amei conhecer e já salvei pra ler mais depois. Um abraço.
Oii, Patrícia, seja bem-vinda! Muito obrigada pelo seu comentário, me deixou contente! Que bom que ama todas estas coisas porque eu também, e amo compartilhar por aqui. Abraço!