“O errado será certo, quando Aslan aparecer, ao som do seu rugido, as tristezas não mais existirão. Quando ele mostrar os dentes, o inverno encontrará sua morte, e quando ele sacudir sua juba, teremos primavera novamente.”
Eu considero muito inspirador que um dos fatos para esse livro existir é porque o Lewis queria resgatar o simbolismo de Júpiter para a literatura. O Michael Ward, em Planet Narnia, fala que no livro “A Imagem Descartada”, conseguimos observar todo o amor que o Lewis sentia por Júpiter, esse planeta símbolo da realeza, alegria, abundância, misericórdia, sabedoria etc.
Foi impossível não perceber esse símbolo logo no princípio da história quando as crianças estão viajando para um lugar longe da guerra, ficam hospedadas no casarão de um professor e Pedro, o irmão mais velho, propõem aos demais irmãos para explorarem a casa em um dia que todos estavam entediados porque não podiam brincar lá fora.
Estas coisas: viajar, professor e exploração são temas tão joviais. A viagem, não somente a física, mas também aquelas da mente na busca filosófica, pela verdade são regidas por Júpiter.
Nesta Crônica, o espírito jovial é evocado principalmente em Aslam e no papel que ele desempenha na trama. Ele é o Rei justo e misericordioso, que se sacrifica e ressuscita. O seu retorno traz alegria, calor, justiça e vida.
Aslam age jovialmente quando sua presença derrota o inverno eterno causado pela Feiticeira Branca. É interessante notar que a natureza começa a se manifestar porque ela está diante do Rei legítimo. Essa derrota do inverno eterno também é algo que evoca o trabalho do Lewis de regressar o simbolismo de Júpiter para a literatura, pois ele percebeu que havia muitos autores saturninos (frio, controle, rigidez, morte).
Outra figura que nos lembra de Júpiter é o Papai Noel! Lewis recebeu algumas críticas pela presença do bom velhinho, porque eles acreditavam que saía muito do contexto de Nárnia. Mas o Papai Noel ali faz todo sentido. A sua chegada marca o retorno da generosidade, da dádiva e da festividade real. Ele é bondoso, alegre e distribuidor de presentes! Tudo isso é completamente jovial.
Bom, são inúmeras referências que podemos notar o planeta Júpiter, inclusive em coisas menos óbvias, como os irmãos que atravessam o Guarda-Roupa em trajes elegantes, uma clara referência ao símbolo da realeza.
Para a resenha completa, eu falei tudo o que percebi e refleti nesse áudio. Não deixem de conferir. Vou ficando por aqui.
Nessa publicação falei um pouquinho sobre o motivo de desejar regressar a Nárnia. Então estou aqui para compartilhar o que consegui perceber sobre o simbolismo dos planetas que o Lewis adicionou, intencionalmente, em cada história de Nárnia. Para esse esforço eu obtive ajuda de dois livros: The Medieval Mind of C. S. Lewis (Jason M. Baxter) e Planet Narnia (Michael Ward). O primeiro é sobre as influências medievais do Lewis, enquanto o segundo é focado no simbolismo dos planetas que estão contidos em As Crônicas de Nárnia.
No livro “The Medieval Mind of C. S. Lewis (Jason M. Baxter)”, o autor faz um panaroma percorrendo por intelectuais que influenciaram a Idade Média e que Lewis conhecia profundamente. Um deles é Macrobius, um filósofo platônico que escrevia em latim, cujo trabalho descreveu a ideia da criação do mundo ser uma sinfonia. Por sua vez, essa ideia tem como base o livro “Sonho de Cipião”, do político Marco Túlio Cicero.
Neste sonho há um momento em que Cipião olha para baixo e vê o cosmos se movendo sob seus pés (isso se repete em A Divina Comédia), e então, ele começa a ouvir uma música magnífica, e questiona: “O que é esse som, tão alto e ainda assim tão doce, que enche meus ouvidos?” Seu guia responde: Esse é o som produzido pelo ímpeto e momento das próprias esferas. É composto de intervalos que, embora desiguais, são determinados sistematicamente por proporções fixas. A mistura de notas altas e baixas produz um fluxo uniforme de várias harmonias…”
“Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cânticos.” Salmo 125, 2.
Dei uma pequena pincelada nesse contexto da música porque um dos signos que Vênus rege é o signo de Touro, este por sua vez tem esse símbolo de estar associado a região do pescoço, garganta, laringe, tireoide, língua, cordas vocais. Acho que consigo imaginar o porquê a criação de Nárnia seja tão musical! Pois cantar e, o som ainda ser tão belo, tem tudo a ver com o planeta Vênus. Vejamos alguns trechos do capítulo que antecede a Criação de Nárnia:
“No escuro, finalmente, alguma coisa começava a acontecer. Uma voz cantava. Muito longe. Nem mesmo era possível precisar a direção de onde vinha. Parecia vir de todas as direções, e Digory chegou a pensar que vinha do fundo da terra. Certas notas pareciam a voz da própria terra. O canto não tinha palavras. Nem chegava a ser um canto. De qualquer forma, era o mais belo som que ele já ouvira. Tão bonito que chegava a ser quase insuportável. O cavalo também parecia estar gostando muito, pois relinchou como faria um cavalo de carga se, depois de anos e anos de duro trabalho, se encontrasse livre na mesma campina onde correra quando jovem e, de repente, visse um velho amigo cruzando a relva trazendo-lhe um torrão de açúcar”
É interessante que o canto é o primeiro sinal de algo no escuro, assim como Vênus que se mostra tão brilhante quando a noite começa a cair. Toda a melodia é descrita como bela, uma beleza tão avassaladora que causava uma certa insuportabilidade. Tal descrição lembra-me dos anjos ao aparecerem para as pessoas e sempre diziam: “Não temas”. Às vezes a beleza pode nos causar esse tipo de espanto ou temor, não necessariamente algo admirável como estamos acostumados a pensar. O cavalo, o cocheiro e as crianças são os únicos maravilhados pelo canto. Enquanto Jadis e Tio André a consideram insuportável.
“– Louvado seja! – disse o cocheiro. – Se eu soubesse que existiam coisas assim, teria sido um homem muito melhor.”
“O céu do oriente passou de branco para rosa, e de rosa para dourado. A Voz subiu, subiu, até que todo o ar vibrou com ela. E quando atingiu o mais potente e glorioso som que já havia produzido, o sol nasceu.”
“A terra tinha muitas cores – cores novas, quentes e brilhantes, que faziam a gente exaltar… Até que se visse o próprio Cantor. Então, todo o resto seria esquecido.”
O canto foi o que mais me marcou, mas há outros trechos da Crônica que podemos perceber algo venusiano. Por exemplo, quando Polly e Digory decidem explorar um túnel que dava entrada para as casas da vizinhança, mas eles estavam mais curiosos a respeito de uma casa abandonada. Eles conseguem acessar a casa abandonada e se surpreendem por encontrarem um sótão bem arrumado e mobiliado como uma sala de estar, até que Poly se dá conta de uma bandeja de madeira contendo um determinado número de anéis.
“Os anéis estavam colocados em pares – um amarelo e um verde juntos, um pequeno espaço, depois outro anel amarelo com um anel verde. Não eram maiores do que os anéis comuns, e era impossível deixar de olhar para eles, pois eram muito brilhantes e bonitos”.
Acredito que essa descrição sobre os anéis pode ser utilizada para descrever Vênus. Não sei se você costuma contemplar o céu noturno, mas Vênus é extremamente brilhante até mesmo em um céu afligido pelas luzes artificiais do ambiente urbano. Então imagina como não deveria ser para o homem medieval, que vivia em uma época que ainda não existia a eletricidade, observar este planeta?! Com certeza ele deveria vê-lo brilhando tão intensamente! Essa experiência se tornou incomum para muitas pessoas, somente quem vive longe das luzes artificiais tem a oportunidade de contemplar um céu salpicado de estrelas.
Observei também que há um capítulo chamado de “A primeira piada”, pois Vênus também simboliza o riso porque ele é prazeroso. E o capítulo mais comovente dessa história é quando Digory dá a sua mãe o fruto que ele colheu em Nárnia e que é capaz de curá-la. Este fruto é uma maçã, e mais uma vez podemos notar algo venusiano porque a maçã é uma espécie de planta associada ao planeta Vênus, assim como as demais espécies da família botânica Rosaceae.
Gravei um áudio sobre esse livro, eu acabei falando mais sobre outros aspectos. Então tá aqui o vídeo para quem quiser ouvir.
Eu acho que Deus tem um senso de humor muito icônico… Há uns dias eu estava brincando de ser fotógrafa de animais selvagens com uns adesivos de ilustrações que fiz… Até que, no último sábado, eu acabei avistando um animal selvagem de verdade!! Observei uma raposa da Caatinga (Cerdocyon thous). Eu nem acredito que consegui fazer um registro dela. Ela era tão fofa! Não vou falar onde ela foi avistada pela sua própria segurança.
Eu fui um pouco audaciosa porque tentei me aproximar para conseguir vê-la melhor, mas ela acabou indo se esconder pela vegetação. Espero que a raposinha esteja bem e que consiga crescer e se reproduzir.
Nesse mesmo dia também registrei várias abelhas carregadas de pólen! Eu amo muito abelhas.
“Meus amigos, peçam a alegria a Deus. Sejam alegres como as crianças, como os pássaroa do céu. Em sua missão, não deixem o pecado perturbá-los; não temam que o pecado prejudique sua obra e os impeça de realizá-la.”
Os Irmãos Karamázov – Fiódor Dostoiévski.
Realizei o meu sonho de fotografar a vida selvagem! Os animais são aquarelas que transformei em adesivos. A andorinha do começo do post pintei com lápis de cor e recortei o papel. A levei para voar em um céu sereno do entardecer. Encontrei um coelhinho forrageando a relva, uma coruja empoleirada na árvore com um olhar bastante observador e uma raposa passeando pela margem de uma mata.
Recentemente concluí a saga dos Guerreiros Deuses de Cavaleiros do Zodíaco, então inevitavelmente a curiosidade sobre os mitos e o folclore nórdico aflorou. Comecei a ler um livro sobre a mitologia e cosmologia dos nórdicos e um outro com uma seleção de contos de fadas, é este o da foto acima. Mas antes de iniciar as minhas impressões, deixo aqui o meu agradecimento ao padre islandês Semundo, o Sábio, porque foi ele um dos responsáveis pelas fontes da mitologia nórdica. Então se pude me divertir com estas histórias e meditá-las, devo ao Semundo, o Sábio. Obrigada! Amo mitologia e contos de fadas!!
Bem, um dos contos me chamou a atenção porque ele é bastante semelhante ao mito de Psique e Cupido. O que também me lembrou do romance Até Que Tenhamos Rostos, do C. S. Lewis, que é uma releitura desse mito. Estou falando do conto de título A Leste do Sol, A Oeste da Lua (East of the Sun and West of the Moon). Nesse conto, acompanhamos a história de uma mocinha que se casa com um urso branco e acaba descobrindo que ele é um príncipe que está amaldiçoado!
Essa história se assemelha ao mito mencionado anteriormente porque quando a mocinha da história vai dormir, ela percebe que não é o urso que se deita na cama, mas um homem. Então ela acaba sendo persuadida por sua mãe a acender uma vela quando ele esteve dormindo para poder vê-lo. Embora o urso, prevendo que ela seria muito provavelmente aconselhada a fazer isto, lhe diz para não contar nada sobre eles a sua mãe. Mas ela não resiste a tentação da curiosidade e acaba olhando para o príncipe sob a luz da vela.
A esperança de ter a maldição quebrada se esvai e o príncipe lhe diz que agora ele terá que se casar com uma princesa que vive em um castelo a leste do sol e a oeste da lua. A mocinha decide percorrer uma jornada em busca desse lugar desconhecido e misterioso, conhece vários personagens que lhe ajudarão nessa viagem. Mas diferente da história dos mitos, esse conto de fada tem um final feliz!
Para título de curiosidade, recomendo ouvir a música East of the Sun da banda a-ha, pois ela é inspirada neste conto.
Para mim, é sempre interessante observar as semelhanças nas histórias… E o que mais me fascina nos contos de fadas são os finais felizes, o que nem sempre ocorre com os mitos.
Hoje eu vi um animal pela primeira vez e fiz até carinho! Foi uma cuíca (Marmosops paulensis). Eu não sabia que existia um gambá tão pequenininho! Muito fofo.
Ele foi encontrado entre as cascas do tronco de uma bananeira. Estavam limpando o local e ele surgiu. Fui chamada para ver o animal bonitinho e diferente. A minha primeira reação foi pensar “que diferente e fofo” mesmo haha. A segunda reação foi de querer pegá-lo porque ele parecia ser quietinho, mas acabei ficando com receio de levar uma mordida… Então só o fotografei.
Ah, eu consegui fazer carinho nele porque o meu marido o pegou sem nenhum receio. Então eu me atrevi a passar os meus dedos na sua pelagem, que era muito fofa.
“A constituição de todas as coisas ou o poder plástico do olho humano são tais, que as formas primordiais como o céu, a montanha, a árvore e o animal nos provocam deleite em si e por si mesmas.”
20 de janeiro de 2025: A noite demorou a cair, e no momento tudo é escuro… O curioso é que são nestes momentos que acontecem relâmpagos de pensamentos luminosos após um tempo de ter concluído uma leitura.
Bem, ontem eu terminei de ler A Princesa Flutuante e eu me surpreendi com o desenrolar da história! No começo da história a princesa é amaldiçoada pela sua tia bruxa e vingativa. A maldição consiste em perder a sua gravidade, então ela flutua como uma cípsela de dente-de-leão, ou como as nuvens… O curioso é que essa leveza abarca todos os âmbitos de sua vida.
“A menininha tinha sobre si apenas o manto etéreo do próprio sono.”
Essa leveza da Princesa, além de flutuar, consistia em nunca sentir tristeza, tampouco mágoa. Dar risadas de tudo e de todos. O mundo lhe parece uma brincadeira, ou melhor, o mundo lhe é, autenticamente, uma brincadeira. Seu jeito de ser é irritante em alguns momentos para os seus pais, mas no fim, ela é amada e querida por todos justamente por esse espírito tão pueril e encantador.
A princípio, eu estava considerando essa caracterísitca maravilhosa, imagina só nunca chorar?! Mas após um tempo pensando, creio que um dos temas que se pode observar na Princesa Flutuante é o quanto as lágrimas, principalmente as de arrependimento, são uma bênção. Há um momento da história que é muito comovente, é quando ela se dá conta de que toda essa alegria acabava a tornando entorpecida com a única pessoa que teve coragem de se sacrificar por ela, a Princesa se desata a chorar e a maldição quebra!
“Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.”
– Salmo 51.
O George McDonald conseguiu, através de um conto de fadas, falar sobre o coração contrito! Para mim, esse é o grande tema e o que mais despertou o meu interesse.
Apreciei mais uma vez as andorinhas bailando no ar. Dessa vez o pôr-do-sol não estava nublado, então havia um delicado rosa pincelado na abóbada celeste. Eu acho que isso foi o mais próximo, até o momento, que alcancei de ver pessoalmente uma apresentação de balé clássico em algum teatro antigo. Agradeço muito a estas amigas tão gentis. Não é maravilhoso o espetáculo que a natureza nos presenteia a todo momento?Eu realmente não consigo sentir tédio, é só uma questão de saber como olhar a vida e eu escolho olhá-la da maneira mais alegre e mágica possível.
O ar estava sereno, mas sentia o calor percorrer o corpo devido a caminhada e as risadas compartilhadas. Por falar em risadas, eu comecei a ler A Princesa Flutuante, do George McDonald. Como essa leitura veio parar em minhas mãos? Bem, eu fui a Biblioteca Municipal e fiz uma carteirinha! Não resisti e fui logo caçar algo para levar para casa, como nos velhos tempos em que eu frequentava bibliotecas. Passeando pelas categorias, avistei alguns títulos do meu agrado ou que algum dia desejo ler, e um deles foi A Princesa Flutuante. Estou intercalando com As Crônicas de Nárnia já que é um livro bem curtinho. Estou rindo enquanto leio o livro do Sr. McDonald, talvez a mágica desse conto de fada seja dar leveza ao leitor, tal como um pássaro.
Ah, tenho observado cenas incríveis no céu. Esta noite mesmo, de minha janela, observei a Conjunção do Amor Eterno! Ou seja, Vênus e Saturno estão tão juntos que parecem um só! Um só corpo, uma só carne… Um casamento. O que me deixa muito feliz. Eu amo tanto o céu que não cabe em mim tanto amor.
John Keats tinha razão quando escreveu que andorinhas reunidas gorjeiam no céu… Ou na copa de uma árvore, por que não? Foi exatamente o que observei nesta semana enquanto eu caminhava pelo lago. Não sabia muito bem para o que olhar: os patos descansando na sombra, os peixes do lago, ou para as incríveis andorinhas que voavam velozmente e davam rasante na superfície da água.
Por aqui é verão e os dias são mais longos, então apesar de ser o comecinho da noite, os pássaros não param de chilrear. Como fiquei feliz que durante a caminhada de regresso para casa, de longe consegui ouvir um bando de andorinhas gorjeando na copa de uma árvore. Que algazarra! Nunca antes havia visto algo tão encantador proporcionado por pássaros.
Esse espetáculo me marcou muito, então hoje resolvi pintar uma andorinha com minha caixa novinha de lápis de cor! Me sinto como uma criança com tantas cores reunidas e o cheirinho de lápis é tão reconfortante.
Eu utilizei os láspis Compactor. Gostei bastante do resultado, pois eles são macios ao deslizar pelo papel e bastante pigmentados.
Claro que enquanto eu dava os meus passos, erguia a cabeça para cima toda encantada com estes animais, além disso, a cor do céu estava linda porque era final de tarde e estava nublado, logo a cor predominante era um azul claro acinzentado. Adoro esta cor!