Odisseia – Homero

“Musa, reconta-me os feitos do herói astucioso que muito peregrinou, dês que esfez as muralhas sagradas de Troia”

A Odisseia conta a história de Odisseu tentando voltar para sua pátria após a guerra de Troia. Embora Odisseu não seja perfeito, ele é o herói de sua própria história. Ele possui muitas virtudes, é corajoso, sábio, assertivo… Mas é por causa de seu orgulho, o que enfurece Poseidon, que a sua tão estimada volta é repleta de dificuldades.

Para melhor compreender o texto, é preciso ter em conta os dois tipos de narrativa que ocorrem: a primeira se passa na Ilha de Ítaca, enquanto a segunda conta todas as aventuras do herói. No começo, há a invocação da Musa para narrar as aventuras. Em outro momento é o próprio Odisseu que está contando o que lhe aconteceu para outros personagens que surgem no decorrer da história. Outras vezes os acontecimentos estão sendo descritos no tempo presente e, por fim, é narrado pelos mortos lá no Hades.

Outro fator importante que o leitor precisa saber é que o poema não é contado de maneira cronológica e os principais pontos são o retorno do herói a Ítaca, a derrota de seus inimigos e a fidelidade de Penélope. Então sabendo disto, não haverá tanta dificuldade em compreender o texto.

Adicionando uma opinião minha sobre do que se trata este poema épico: eu diria que a Odisseia também é, lá no íntimo, sobre os deuses se aproveitando dos infortúnios (ou os provocando) humanos para alcançarem o seu maior objetivo: sacrifícios, mortes, derramamento de sangue etc. A própria Atena comenta que está muito ávida pela justiça (ou vingança) que Odisseu fará quando chegar em casa.

Existem muitos assuntos que são apresentados na Odisseia que podem ser pensados. Sobre o livre arbítrio, os deuses manipulando as ações humanas (igualmente em Troia); os costumes daquele tempo, como os estrangeiros eram sempre muito bem tratados; a glória e a honra, que até mesmo a vingança é vista como algo virtuoso para os gregos.

Voltando para o centro da história, é notório que o coração de Odisseu é movido pelo “nostos”. Na literatura grega, este termo é utilizado para caracterizar um regresso épico de algum herói através do mar. Esta palavra também é usada para designar o processo que um herói vive após a batalha para se tornar marido e pai. O Odisseu quer resgatar isto para a sua vida quando ele ainda não havia partido para Troia.

O principal conflito encontrado é este “nostos” e as forças independentes: Poseidon, Éolo, a ninfa Calipso etc, que dificultam este regresso. Não há extamente um impedimento, pois o Odisseu foi um dos poucos heróis que não cometaram ultrajes contra os troianos, então esta sua virtude, a da misericórdia, lhe proporcionou ter uma fagulha de esperança para voltar para casa e sua família. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão miseri­córdia!” (São Mateus, 5:7). Odisseu também se preocupava em salvar a vida de seus companheiros, porém estes pereceram por culpa das próprias ações insensatas.

Nesta leitura também observei alguns símbolos que são mencionados. Acredito que o mais notório é o da águia. Para os gregos, esta ave representa Zeus, elas são enviadas para simbolizar o combate. Isto acontece no começo do livro quando duas águias se matam; em outro momento Penélope sonha com uma águia matando um ganso; e no final, surge uma águia voando com uma andorinha. Estes símbolos diziam que Zeus estava do lado de Odisseu. O mar simbolizando a dinâmica da vida, pois este pode ser calmo e tempestuoso em diferentes momentos. O cachorro Argos simbolizando a fidelidade de toda a família e a maioria dos servos para com Odisseu.

Minhas cenas favoritas são as seguintes: Penélope costurando de dia e desfazendo a manta de noite para ganhar tempo e não ser obrigada a se casar com algum dos pretendentes. Telêmaco não considerando ser capaz de tomar a liderança, mas ainda assim buscando coragem para sê-lo. Este momento me lembrou muito de Moisés! Gosto muito também quando Odisseu é reconhecido pelo seu cachorro, que já estava bem velhinho e maltratado. Amo muito o encontro do herói com a sua mulher e ela lhe testando para ter certeza se ele era mesmo o Odisseu. Eles formam um casal muito lindo! Por fim, a descida dos pretendentes ao Hades e estes narrando como foi o encontro do herói com o seu pai. Muito emocionante este reencontro!

Acredito que estas são as minhas principais considerações da leitura. Lembrando que eu tenho uma lista de desejo na Amazon, caso algum leitor do blog queira me enviar algum livro para ser falado futuramente por aqui e também se quiser adquirir este livro em uma edição diferente, mas com a mesma tradução e me ajudar a ganhar alguma comissão. Muito obrigada e até breve, se Deus quiser!

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