Favoritos de 2024

Uma publicação inspirada nesta aqui do Camila’s Reads.

Esse ano foi recheado de coisas mágicas. Às vezes tenho a sensação de que apenas vi o tempo passar, mas quando observo os detalhes, vejo que eu fui ativa. Criei o hábito de registrar tudo por foto e anotar cada coisa feliz, infelizmente, algumas coisas não consegui fotografar e outras perdi porque a minha câmera apresentou algum problema e só estou esperando poder levar na assistência para saber se tem como recuperar e consertar. Enquanto isso, sigo usando a câmera do celular.

Na natureza.

Realizei o sonho de poder ver o pôr-do-sol na praia. Apesar de ter nascido e vivido em uma cidade litorânea, eu nunca havia visto o crepúsculo nela, acreditam?! Só depois que saí dela quando me casei é que consegui tal experiência. Quando eu morava nela, a minha família só me levava no horário da manhã ou só fui durante a noite com alguns amigos. Além disso, vi garças voando durante o final da tarde e foi tão lindo!

O céu como um todo foi o motivo da minha alegria. Nessas noites de verão, eu e meu marido ficamos no quintal olhando para as estrelas e conversando sobre os mais diversos assuntos. Sinto alegria por poder perceber as mudanças de estações e que agora os dias são mais longos. Tenho conseguido identificar os planetas! Júpiter e Vênus são tão brilhantes, Saturno é todo discreto enquanto Marte é vermelho sangue. A constelção de Órion e As Plêiades estão guardadas em meu coração.

Na literatura

A Divina Comédia entrou para a minha lista de favoritos e ela me fez chorar com a despedida de Virgílio, acho que foi o que mais me marcou! Eu estava ansiosa para ler a parte do Céu por causa da astrologia, mas o que me pegou mesmo foi essa despedida e só de pensar nela já fico com o coração angustiado. Eu quero muito reler esse livro todos os anos da minha vida, espero que sejam muitos com a graça de Deus!

Algo que me surpreendeu é que eu li muito C. S. Lewis nesse ano! Li todos os livros da Trilogia de Ranson, Cartas de Um Diabo a Seu Aprendiz e Até que Tenhamos Rostos. Descobri que o Lewis era um medievalista e nesse finalzinho de ano tô caçando tudo que é informação sobre as inspirações desse homem, e confesso que estou me identificando muito com ele!

Na música

Eu acompanhei a turnê das eras da Taylor Swift e o lançamento do The Tortured Poets Department. Confesso que a primeira vez que ouvi o álbum eu não senti nada, mas com o tempo eu fiquei completamente viciada e amei uma porção de músicas. Minhas favoritas sem ordem de preferência: Guilty as Sin?; The Tortured Poets Department; Fortnight; I Can Do It With a Broken Heart; imgonnagetyouback; So High School, I Hate It Here; The Bolter; Robin. Eu amei muito I Hate It Here porque me lembra a história de O Jardim Secreto e também me identifiquei com ela porque eu vivo indo para lugares mágicos e distantes através da minha mente. Robin eu amei porque ela me lembra coisas puras e inocentes. Essa foto lá em cima são das pulseiras que fiz e é do ano passado quando fui assistir o show das eras no cinema.

O Linkin Park voltou!! A Mia de 13 anos que ficava viajando na batatinha com In the End está muito feliz! Fiquei tão feliz por eles se reinventarem trazendo uma vocalista. Não sei se é o caso, mas acredito que ter uma vocalista é perfeito para deixar o legado do Chester intacto, sem comparações etc. Desse modo, acredito que a Emily também poderá dar um toque todo diferente. Simplesmente amei! Assisti com a minha amiga o show deles de São Paulo que foi transmitido e sempre revejo quando posso (ou só fico no áudio mesmo) e notei que algumas músicas, como Waiting fo the End, ficaram muito emocionantes na interpretação da Emily.

No cinema

Bem, eu não me considero uma pessoa apaixonada por cinema. Assisto poucas coisas ao longo do ano porque eu acabo preferindo usar meu tempo livre para ler, a literatura é a minha grande paixão hehe. Mas não quer dizer que eu não goste de ir ao cinema, é só que é algo bem raro de se fazer, e esse ano eu assisti O Menino e a Garça com o meu marido e foi uma experiência tão maravilhosa poder, pela primeira vez, assistir algo do Senhor Miyazaki no cinema! Se tornou um dos meus filmes favoritos, ele me lembra bastante A Viagem de Chihiro, que também é um dos meus filmes favoritos. Adoro estas coisas simbólicas, essa mistura de folclore, mitos etc.

Assisti pela primeira vez Home Alone (1990) logo após eu ter dito ao meu marido que eu nunca assisti esse filme completo, só ficava vendo uns trechos ali e acolá na TV quando era criança. Ele rapidamente resolveu esse meu problema e fomos assistir! Eu amei o filme, a cena do Kevin na Igreja e aqueles cantos natalinos é uma das coisas mais lindas. Também assisti Barbie Fairytopia, mas não consegui maratonar como eu fiz em 2022. Estou pensando em tornar uma tradição sempre assistir em janeiro Os Dez Mandamentos (1956) porque eu fiz isso dois anos seguidos; assisti uma versão da Heidi de 2005, porém não me cativou muito. Pretendo assistir outras versões até ter uma opinião. Assisti novamente uma animação favorita: O Último Unicórnio (1982), eu amo tudo, desde as referências medievais até a trilha sonora! Também assisti novamente O Estranho Mundo de Jack (1993) e fiz até uns comentários sobre ele por aqui. Ah! Eu assisti The Nativity (1996), é um curta russo sobre o Natal e eu achei a coisa mais linda e fofa!!

Na arte

Eu coloquei a mão na massa nesse ano. Fiz algumas costuras e bordados que enviei de presente para amigas, bordei algumas coisas aleatórias como o colar da Estrela Vespertina que a Arwen usa no filme de O Senhor dos Anéis, um cervo e um caprino… Também pintei com lápis de cor e fiz marcadores de livro. Pintei duas telas, a minha favorita foi a de um cervo. Pela primeira vez fiz selos com minhas próprias ilustrações, algumas foram inspiradas em frases de músicas da Taylor Swift que remetem a natureza. Também fiz aquarelas de animais e com o tema Natal e as imprimi em papel de adesivo!

Estou muito grata a Deus por ter vivido esse ano. Estou cheia de esperança para o próximo, de continuar com esse presente de se maravilhar. Desejo a vocês um Feliz Ano Novo!!

Antes de tudo eu quero viver, do contrário seria melhor não existir. – Crime e Castigo, Fiódor Dostoiévski.

 

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Anseio por tornar a visitar Nárnia

“Presentes para vocês. São ferramentas, e não brinquedos. Talvez não esteja longe o dia em que precisará usá-las. Com honra!”  – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa.

Olá! Um Feliz Natal a todos! Bem, aconteceram tantas coisas nos últimos meses de 2024! Muitas delas foram apenas vivenciadas dentro da minha cabeça e apesar de soar um tanto abstrato, eu ficaria feliz em poder compartilhar um pouco do que vivi em meu mundo interior nestas palavras:

É que sinto uma verdadeira alegria quando descubro algo que consegue saciar a minha curiosidade. E a partir disso, muita magia surge na minha vida interior, onde as chuvas são como palavras que extraio dos livros e saciam a sede da minha mente fértil, imaginativa. Então durante essa jornada, mergulhei nos assuntos do meu interesse, vulgo, tudo o que diz respeito a Idade Média, e acabei descobrindo que o C. S. Lewis dava aulas sobre esse assunto!

Como eu nunca pude imaginar tal fato? É tão óbvio haha. Neste ano eu li A Divina Comédia e a Trilogia Cósmica e percebi que ambos poderiam ser literaturas irmãs em alguns aspectos, e o aspecto essencial é a visão cosmológica do medievo. Além disso, foi uma feliz descoberta saber que o Lewis se inspirou bastante em Dante Alighieri, entre outros escritores medievais tanto quanto professor, como escritor de um mundo mágico e também de incorporar essa visão de mundo em si mesmo, não apenas levando para o lado profissional, pois este era só a superfície da sua riqueza interior.

Digo com toda a sinceridade de uma criança: essa exploração me levou até o céu! Pois encontrei uma chuva dourada tão encantadora quanto um céu salpicado de estrelas, um livro chamado “The Medieval Mind of C. S. Lewis”, por Jason M. Baxter. Nele, o autor conta detalhadamente sobre um Lewis que não é muito conhecido entre seu público, o Lewis medievalista! E digo que tudo isso me levou até o céu porque eu acabei descobrindo que cada livro de As Crônicas de Nárnia é uma espécie de tradução do simbolismo astrológico para leitores modernos. Só para dar uma pincelada nos simbolismos dos planetas e o livro correspondente: Júpiter: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa; Marte: Príncipe Caspian; Sol: A Viagem do Peregrino da Alvorada; Lua: A Cadeira de Prata; Mercúrio: O Cavalo e seu Menino; Vênus: O Sobrinho do Mago; Saturno: A Última Batalha.

Creio que cheguei no topo da montanha e agora é só erguer os olhos para o alto e contemplar! Esta contemplação significa que dentro de mim foi plantada a semente do desejo de voltar para Nárnia, ah, como faz tempo a última vez que li essa história tão deliciosa! Estou com tantas expectativas para a releitura porque agora eu tenho uma bagagem literarária bem maior, estou ansiando pelas novas impressões que irão surgir na minha mente. Isso não é fascinante?! Nada melhor do que começar o ano com a presença de Aslam! Bom, pretendo iniciar Janeiro com O Sobrinho do Mago e prometo ficar bem atenta para notar o que existe de venusiano nesta história.

Obrigada pela visita. ♡

A minha primeira leitura de A Divina Comédia

Concluí a minha primeira leitura de A Divina Comédia e ela se deu no início da primavera (aqui no hemisfério sul foi o outono), tal como o Dante que iniciou a sua jornada em busca pela Verdade na primavera também! Se eu tivesse combinado, não teria dado tão certo essa coincidência. Esse detalhe sobre a primavera me chamou a atenção porque segundo alguns cálculos medievais, 18 de março foi a data do primeiro dia da Criação! Isso é só um grão de areia diante da praia da cosmovisão de outrora, mas que infelizmente não é tão falada porque atualmente tudo isso é visto como superstição e coisas do tipo. Bem, eu devo o interesse por essa leitura ao físico Wolfgang Smith porque foi por eu ter lido o seu livro, A Sabedoria da Antiga Cosmologia, que decedi ler imediatamente A Divina Comédia. Que Deus o tenha!

No Inferno nem preciso dizer que foi um inferno ter lido (desculpa o trocadilho kkk). Mas é que nessa parte só tem desgraça, castigo, murmúrio etc. Por falar em murmúrio, no Canto III, há versos sobre almas que blasfemavam a si mesmas murmurando sobre o dia e/ou lugar que nasceu, isso me chamou muito a atenção! Um dos Cantos que mais me deixaram em choque foi o XXXIII que narra a história do conde Ugolino que foi traído pelo arcebispo Ruggieri, foi por ele detido, junto com seus filhos e dois netos, trancado em uma cela até morrerem de fome. Ler sobre um pai que vê sua família morrer lentamente e sem poder fazer nada me doeu muito.

No Purgatório as coisas começam a melhorar porque as almas, apesar de sofrerem, elas ao mesmo tempo, sentem a esperança do dia que sairão dali para adentrarem no Paraíso. Elas também acham justo a sua purificação e sempre pedem ao Dante, que ao regressar, falem com seus parentes para que rezem por eles. No final do Purgatório, chorei muito porque é quando o Virgílio se despede do Dante e não vai mais guiá-lo, também fiquei rindo ao mesmo tempo que chorava porque eu não estava acreditando que um livro estava fazendo isso comigo. O meu marido olhava para mim e não entendia nada kkkk.

Por fim, o Paraíso!! Essa foi a parte que eu mais estava ansiosa para ler porque sabia de antemão que ela é a que mais têm referências ao simbolismo astrológico. Simplesmente fiquei feliz ao ler cada verso e também por ter conseguido compreender o porquê de cada alma beata estar em determinado planeta. Acredito que isso aconteceu porque já tem algum tempo que tento aprender sobre o simbolismo da astrologia tradicional, e mesmo eu não sendo nenhuma especialista, deu para ter uma boa compreensão do texto. Com a graça de Deus, pretendo me aprofundar cada vez mais nesse assunto.

Preciso comentar um outro ponto que me chamou a atenção. No final do Paraíso (Canto XXIX) nos é apresentado a respeito do céu material, e este é animado pelas Inteligências Angélicas, os anjos fiéis a Deus. Quando Beatriz discursa sobre quais são as faculdades destas criaturas, ela diz que São Jerônimo escreveu sobre os anjos terem sido criados séculos antes de o mundo ter sido feito, e incentiva o Dante a procurar isso nas Sagradas Escrituras. Ah, esse assunto coincidiu com uma outra leitura que fiz nesse ano, a Trilogia Cósmica do C. S. Lewis!

Algumas coisas que me fizeram rir [uma nota para quem diz que A Divina Comédia não é uma comédia (outro trocadilho absurdo, desculpa, eu não me contenho kkkk)]: O Dante se colocando no clube dos maiores poetas do mundo; O modo como o Virgílio dava bronca ou conselhos para o Dante; o Dante fazendo um elogio para o signo de Gêmeos porque foi sob este signo que ele nasceu; o Dante parecendo a personificação daquela música do Cazuza (Exagerado) quando se tratava da Beatriz; a Beatriz ensinando sobre cosmologia ao Dante; e o fato de que o Dante fez um “exposed” de várias pessoas, inclusive de Papas.

Enfim, eu gostei muito de ter lido A Divina Comédia, apesar de ter me arrastado por tanto tempo nesse livro, ele se tornou um dos meus livros favoritos e se Deus quiser, pretendo sempre relê-lo! Acredito que com o tempo, terei mais bagagem para compreender a obra profundamente. Ficou muito nítido o quanto Dante Alighieri é um escritor genial, portanto, ele merece estar no clube dos grandes poetas.

Obrigada pela visita. ♡

Céu da Lua – A Divina Comédia

Olá! Estou sentindo vontade de compartilhar o que observei durante a leitura do Paraíso na Divina Comédia. Estas observações são singelas e baseadas no pouco de conhecimento que aprendi, até o momento, sobre o simbolismo astrológico. Tentarei fazer uma publicação para cada planeta e espero que isso ajude de algum modo aos leitores deste clássico. Segue o meu texto:

Chegamos ao Canto do Paraíso da concha concêntrica da Lua! Mas antes de tecer qualquer comentário sobre o Canto III, gostaria de falar um pouco sobre o simbolismo da Lua na astrologia e em seguida sobre o que é narrado.

Bem, a Lua é um planeta de fases, portanto ela nos fala sobre a mutabilidade ou inconstância. Ela também nos fala sobre os nossos sentimentos mais íntimos, o que nos faz feliz profundamente, sobre o que precisamos para nos sentirmos seguros.

Neste canto conhecemos a alma de Piccarda, então o Dante lhe questiona se ela não se sente infeliz por estar no lugar mais distante de Deus e se gostaria de estar em um lugar superior. Ela responde que este sentimento é impossível no Paraíso, porque a felicidade dos beatos da Lua reside justamente em cumprir a vontade de Deus, e isso lhe dá o sentimento de paz.

Durante a sua vida na terra, Piccarda fez votos ainda adolescente, mas o seu irmão a obrigou a se casar com um nobre. Apesar desse infortúnio, Piccarda manteve em seu coração os votos que fizera.

Percebemos que o tema central neste Canto são os sentimentos e aquilo que levamos no mais âmago de nosso ser, a nossa vontade mais profunda… Como o exemplo de Piccarda que conservou em seu coração a sua promessa, a sua vontade mais profunda, aquilo que estava escondido e só ela e Deus sabiam.

Também percebemos uma alusão mitológica da deusa Diana. Dante explora a concepção tradicional da Lua como planeta de Diana, a deusa virgem e protetora das mulheres.

Interessante observar também que neste Canto são nos mostrados apenas mulheres, a Lua é um planeta feminino, de qualidade úmida e fria.

Acredito que a alma beata de Piccarda nos faz refletir sobre o quanto nosso interior é importante, apesar do que ocorre externamente. O seu coração se manteve fincado em seus votos como a Cruz fincada no Monte Gólgota, mesmo tendo sido obrigada a viver um casamento infeliz. Deus é o nosso Pai bondoso que se importa com nossos sentimentos mais profundos e as circunstâncias a qual estamos inseridos, conhece plenamente o nosso coração e não desprezou Piccarda por ela ter tido que quebrar o seus votos, pois em seu coração ela foi fiel.

A Lua nos diz sobre a inconstância dos sentimentos, mas no coração humano há uma força superior.

 

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Últimos atos de criação

Olá! Ontem de tarde resolvi fazer um marcador de livro completamente manual. Pintei com lápis de cor, pois estava com saudade de usar esse material. Usei papel de aquarela 300g, uma fita durex, e claro, muito amor!

Tenho feito muitas coisas manuais com uma certa constância, o que me deixa bem feliz! Uma delas foi um par de brincos com pérolas irregulares. Eu me apaixonei por esse tipo de pérola e achei uma de água doce que é escura e que parece ter sido pintada com as cores de uma aurora boreal! E para completar esse mundo da água, um registro que fiz da Lua e do céu, estes atos são por conta do Criador mesmo.

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Coruja suindara bordada

Um dia eu estava em uma papelaria comprando material para escrever cartas e, naquele momento, vi alguns cadernos chamados de “sketchbook” bem simples, então pensei que eu poderia tentar personalizá-los.

Bem, eu tenho um acervo bastante aleatório de pedaços de tecidos que não tem tamanho suficiente para fazer alguma roupa, mas sinto um incômodo deles estarem ali sem vida… Desejo criar coisinhas com eles e embelezar mais os meus momentos, ou o momento de alguém, caso apareça alguma encomenda.

Escolhi bordar uma coruja porque ela é um dos símbolos da sabedoria e eu amo aves! A espécie escolhida foi a suindara (Tyto furcata) porque é a minha espécie favorita de coruja. As cores das linhas eu já havia adquirido há muitos anos, então eu só tive que comprar os cantos protetores e o caderno, como dito no começo.

Fiquei feliz com o resultado, pois eu apenas estava tentando começar algo diferente e deu certo! Espero conseguir criar diversos itens com os tecidos e as linhas. Agora irei pensar qual será minha próxima criação! Fiquem com algumas fotos do caderninho personalizado:





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Santa Melangell, a padroeira das lebres e dos coelhos

Sou profundamente obcecada por santos eremitas, principalmente quando se trata de histórias celtas, galesas, irlandesas… Para mim é uma grande satisfação poder unir muito do que amo em um santo católico. Esta semana descobri alguns santos galeses porque vi uma publicação do Padre ortodoxo Andrew Stephen sobre São Twrog, o que me instigou no momento a pesquisar mais sobre santos que nasceram na região norte da Europa. Acabei encontrando uma santa eremita que despertou muito meu interesse porque ela é representada junto de uma lebre (ou um coelho). Quando vejo algum santo junto de um animal ou natureza, quero mergulhar profundamente na sua história!

Estou falando de Santa Melangell. Ela foi uma princesa irlandesa que fez votos de castidade e abandonou suas riquezas e a realeza após seu pai querer que ela se casasse. Ela abdicou de todo seu conforto e glória para cumprir seus votos e seguir Jesus Cristo. Então ela passou a viver na natureza, imagino que cercada de verde, acordando com os primeiros raios de sol e a primeira sinfonia dos pássaros, contemplando o clarão do luar e das estrelas enquanto tinha a dádiva de rezar no absoluto silêncio…

Mas um dia, após 15 anos sem ter visto pessoa alguma e muito menos algum homem, ela estava rezando profundamente quando uma lebre surgiu de repente, saída de um matagal e se escondeu sob sua roupa, parecia que a lebre sabia que sob a proteção de uma santa, homem algum lhe ousaria fazer mal. Esta lebre estava sendo perseguida pelo príncipe galês de Powys, Brochfael Ysgithrog e pelos cães. O Príncipe assm que chegou perto, ordenou aos cães a pegarem a lebre, mas os cães não o obedeceram, talvez devido a bela imagem da Santa em sua profunda devoção. Apesar de ser de direito do Príncipe, porque estavam em suas terras, Melangell não se intimidou e não desistiu de proteger o animal.

O Príncipe ficou tão espantado com a cena e a beleza da santa que desistiu da caça. Então ele declarou que aquele lugar fosse um santuário à devoção a Deus e um refúgio para todos que precisassem, especialmente as lebres. Assim, muitas mulheres com desejo de se consagrarem se deslocaram para lá e Melangell cosntruiu um mosteiro feminino e tornou-se abadessa durante 37 anos até a sua morte.

Realmente, a história nos mostra que a vila Pennant Melangell não houve mais mortes de animais durante a vida de Santa Melangell, não apenas as lebres, mas outras criaturas de Deus estavam seguras sob a sua tutela e a história também conta que até mesmo animais selvagens ficaram mansos quando viviam na área.

Santa Melangell foi declarada santa e padroeira das lebres e coelhos. Há uma oração para se fazer caso você encontre um desses animais sendo perseguidos: “Deus e Santa Melangell estejam contigo” e então o animal escaparia. Sua festa é celebrada dia 27 de maio.

Fiquei muito inspirada em tentar representar esta santa da maneira mais bonita que pude. Escolhi um vestido rosa porque eu tinha em mente em fazer um fundo verde para representar o local onde ela viveu, a natureza. Além disso, considero o rosa uma cor linda e alegre. Preferi um coelho branco a uma lebre castanha porque o branco se destaca ainda mais nas cores verde e rosa. Em uma mão, Melangell protege o coelho e na outra segura uma Cruz feita de gravetos, simbolizando a sua devoção a Cristo. A ilustração foi feita em papel A4, 300g. Utilizei aquarela, lápis de cor e um pouco de tinta acrílica.

Santa Melangell, rogai por nós!

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O Estranho Mundo de Jack (1993)

Quando eu era criança, amava assistir O Estranho Mundo de Jack. Ele era um desses filmes que me causavam conforto, na época, eu não sabia bem dizer o que me atraia tanto. Também não sentia nenhum medo daqueles monstros ou do cemitério, inclusive, cemitério é um dos locais mais legais para visitar, pelo menos para mim! Lá no fundo, eu gosto de coisas que são consideradas “esquisitas”, embora eu não demonstre tanto assim (acho).

Recentemente assiti de novo porque eu acabei me lembrando dessa época. Dessa vez eu percebi uma porção de coisas que não havia me dado conta quando criança, afinal, eu aprendi tantas coisas ao longo desses anos, como por exemplo, a peça de teatro Hamlet! Logo mais vou falar o motivo de ter citado este clássico.

O início do filme mostra o Jack recebendo muitos elogios por mais uma vez ter transformado o dia do Halloween em um horror, é um momento de glória! Para a população não há nada mais incrível e mal imaginam o dilema que se passa no âmago de seu grande ídolo. Ao longo da cena, Jack vai se afastando da cidade e expressando o vazio que sente porque tudo é igual todas as vezes. Ele anseia por algo superior.

Então ele descobre um lugar com várias portas, e cada uma levava para algum feriado importante em específico. Ele decide abrir a porta do Natal e se impressiona com um mundo completamente diferente. Há cores, alegria, doces e presentes. Jack não entende nada disso e resolve tentar descobrir do que se trata!

Esse é um momento que considero bastante interessante. A personagem resolve entender o Natal através dos livros, dos contos que se passam nessa época. Há referência a Rudolph (Robert L. May) e a Um Cântico de Natal (Charles Dickens), mas ele ainda não consegue compreender a razão do Natal. Sua última tentativa é ler um livro do método científico e iniciar as experiências. Por exemplo, ele corta a barriga de um ursinho de pelúcia e surge muita espuma. E nesta série de pesquisas práticas, ele continua sem entender o significado do Natal.

O que eu pensei ao assistir essas cenas foi que o Natal tem um significado para além dos livros, da ciência, do material… E o método científico não tem como medir algo que possui uma natureza diferente daquilo que estava sendo pesquisado. Além disso, o Jack é um esqueleto, ele vive no mundo dos mortos, das assombrações, um lugar sem vida. Seria exigir muito porque está além de sua capacidade. Ele realmente continua todo o filme sem entender o Natal. Porém, ele acaba percebendo o valor que existe em seu mundo e se arrepende de todos os erros cometidos nessa busca maluca de preencher o vazio.

O desenho também toca em um assunto muito interessante: o drama existencial. O Rei da Abóbora anseia por algo maior, sem saber exatamente o que seria isso. Ele é um idealista nato, há nele uma esperança de que existe algo muito maior do que assustar criancinhas. Ele me lembra um pouco Hamlet, como escrevi no início, por causa desse desejo. Desse questionamento e desse caminho para dentro de si mesmo. Essas perguntas sobre a nobreza da alma e o desgosto de uma vida, aparentemente, sem sentido que há em Hamlet, há também um pouco na história do Jack.

Então o Jack sonha nesse mundo de medo e morte. Não somente ele, mas também a Sally, uma personagem fundamental na trama. Ela também é sonhadora, mas a considero muito mais sensata que o seu par romântico, porque desde o começo ela nota que o que o Sr. Esqueleto quer fazer é algo que vai acabar muito mal. Ela age de maneira semelhante a Ofélia alertando o Hamlet de suas loucuras. Para mim, a Sally é a responsável por salvar o Natal. O que a tornou heroína da história foi o fato dela não buscar agir de modo diferente do que ela é. Há nela muitos atributos da feminilidade: doçura, discrição, paciência e compaixão. Todas estas qualidades em ação trouxeram um final feliz para o filme.

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O ato de estudar e um desabafo

“Weeds are flowers too, once you get to know them”. – Winnie the Pooh, A. A. Milne.

Minha fortaleza da solidão quando quero fugir do mundo e seu barulho.

Não lembro muito bem como comecei a gostar de estudar, acredito que já nasci desse jeito porque uma das minhas lembranças mais antigas na escola era o entusiasmo que eu sentia ao pegar o livro e folheá-lo para saber o que iríamos aprender naquele ano. Alguns assuntos em específico faziam o meu coração radiar de tanta alegria. Tal sentimento continua ardendo em meu coração, e é uma das coisas que mais me dão felicidade e paz na vida!

Então por esse motivo, não consigo dizer quando tudo começou, pois tudo já estava lá… Penso que com o decorrer da vida fui aprimorando os meus gostos, e apesar de uns adormecerem, eles eram despertados logo após uma brisa suave trazer o perfume do interesse.

Bem, na juventude dessa experiência, tive uma mentalidade pueril de achar que só porque se tratava de um livro, tudo ali era verdade. Infelizmente, muitas coisas podem ser falsas e existem escritores desonestos. Foi o que mais notei quando vi que muitas coisas ditas sobre a Igreja Católica e a Idade Média não condizem com os fatos. Cito esse exemplo porque é o que eu tenho mais familiaridade. Mas apesar disso tudo, não penso que tenha sido ruim essa fase, pois eu aprendi muito e tirei tanto proveito! Na verdade, eu sou muito grata por ter passado pela ilusão, creio que me deixou mais forte.

Apesar dos tropeços ou das ilusões, tem algo que eu fazia que acredito ser muito necessário: não temer estudar alguém ou algo que não faz parte de um determinado “cânone”. Agora vem o meu desabafo… Muitas vezes eu compartilhava algo que estava lendo, seja algo teórico ou uma literatura clássica, e às vezes alguém me criticava por estar lendo “coisas perigosas”. Perigo?? Eu dou risada na cara do perigo! (Eu assisti O Rei Leão um dia desses haha). Brincadeiras à parte, jamais passou pela minha cabeça que só porque eu estava lendo um livro sobre baleias, eu automaticamente me transformaria em uma baleia!

Sinto verdadeiro amor pelo conhecimento, pela sabedoria milenar, amo aprender e comparar coisas. E esse amor me faz ter o comportamento semelhante das abelhas, pois elas conseguem fabricar mel extraindo matéria prima dos lugares e coisas mais inacreditáveis! Sabia que a abelha jataí consegue produzir mel até do excremento de outros animais?

Tenho um espírito explorador. Tanto na natureza, quanto nos grandes saberes da humanidade. Explorar na natureza não me deu apenas o deleite de estar nela, mas também o de encontrar encantos em lugares que não pareciam tão atrativos. Ouso dizer que o melhores achados que tive, foram quando olhei para o que é desprezado. Acho que quem realmente ama estudar, não deve desprezar nada e nem ninguém. O desprezo pertence aos orgulhosos, e a sabedoria aos humildes. A humildade é o princípio de tudo! Se Dante Alighieri desprezasse os “pagãos”, provavelmente não teríamos A Divina Comédia.

Voltando ao desabafo… Bem, admito que eu não gosto quando alguém que não me conhece e não tem nenhuma responsabilidade para comigo, me diz o que eu devo ou não fazer, nesse contexto, o que eu posso ler ou não. Eu tenho que respirar muito fundo para não perder a paciência, outras vezes eu fico completamente sem reação diante da loucura. Enfim, vou deixar uma frase de Hugo de São Vitor porque eu tenho certeza que ele me entenderia.

“Um estudante prudente ouve com felicidade todas as teorias. E as estuda, não desprezando qualquer escrito, pessoa ou doutrina que lhes chegue aos olhos. Sem qualquer distinção, notando algum conhecimento que lhes falte, pedem para que lhes sejam dados, porque não levam em consideração o quanto conhecem, mas sim o quando ignoram! Portanto, os verdadeiros estudantes repetem o dito platônico: “Mais me inclino em aprender com modéstia o conhecimento de outras pessoas do que inserir impudicamente isto é, de coagi-las a aprenderem os meus conhecimentos”. – A Arte de Ler.

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