Para o outono

“Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou.”
Eclesiastes, 3.

Sinto-me grata por poder viver mais uma estação onde as cores alegres saem um pouquinho de cena para dar espaço ao grande concerto de folhas que caiem suavente com o sopro dos ventos, tudo isto fazendo lembrar de um balé.

O outono recorda os momentos de introspecção, mas também é uma época de grandes mudanças. É quando ocorre muitas chuvas, estas que nos fazem voltar para o interior de nossas casas e desfrutar do aconchego que o lar nos oferece. É notório a renovação das folhagens do qual parece dizer que às vezes é preciso permitir que algumas coisas partam de nós para que novas possam surgir e então sarar algumas feridas.

Santa Hildegarda, com a ajuda direta de Deus, compreendeu que as mudanças de estações causam nas criaturas também certas mudanças. Ela descreveu no trabalho de nome Causae et Curae, que há uma interconectividade de todos os elementos. Especificamente, o microcosmo dos elementos existe simultaneamente no macrocosmo do universo, em geral, e dentro de cada um de nós, individualmente. Penso que o outono realmente faz ter em nosso interior um momento mais quieto no coração, nos convidando a reflexão e às mudanças que sejam necessárias.

Então estas mudanças, como está em Eclesiastes, nos diz que há o tempo de morrer, e é no outono que as árvores, sem apego nenhum, permitem que suas belas folhas percam as suas cores, sequem e caiam ao chão. Desta maneira, os galhos possuem espaço para que novas folhas cresçam e a árvore como um todo também cresça e se prepare para dar bons frutos. O chão tingido de laranja, vermelho, ou marrom não é desperdiçado, pois esta espessa camada de folhas secas servem como uma proteção vegetal natural às outras formas de vida da natureza. O velho possui o seu valor… Desta maneira, acredito que na nossa vida às vezes é necessário um momento para se esvaziar e eu prometo que irei refletir sobre o que preciso deixar ir embora. Como estamos na Quaresma, sinto-me ainda mais inclinada a tais pensamentos.

Gostaria de tentar deixar este momento recreativo também, pois a alegria não precisa ocorrer somente na primavera ou verão. É uma virtude querida para todas as épocas! Bem, estive pensando sobre os livros que associo ao outono e preparei uma lista com todos que recordei. Conhecendo o meu ritmo de leitura e a minha realidade, acredito que não será possível que eu leia todos os listados. Mas de qualquer modo, deixo-os aqui caso alguém tenha interesse em conhecer algo novo para ler. Com certeza farei o possível para reler Jane Eyre. Este romance marcou o meu coração e a Charlotte Brontë descreve a natureza e as paisagens de maneira sublime. e as mudanças que a protagonista vivencia tem tudo a ver com o outono.

Árvores silenciosas, nas pinhas que caíam, nas relíquias congeladas do outono, as folhas avermelhadas varridas pelo vento de dias passados e empilhadas em montinhos, e agora enrijecidas ali

(Jane Eyre, Charlotte Brontë)

Para ler…

  • Livro de Jó
  • Eclesiastes
  • Jane Eyre
  • The Tale of Squirrel Nutkin
  • The Tale of Timmy Tiptoes
  • The Tale of Ginger and Pickles
  • Brambly Hedge Autumn Story
  • Os Pequeninos Borrowers
  • O Morro dos Ventos Uivantes
  • Anne de Green Gables
  • O Vento nos Salgueiros
  • Em Busca de Watership Down
  • Hamlet
  • Mulherzinhas

Pensei também em atividades para se fazer como doar coisas em bom estado para alguém e tentar consertar outras que possam receber algum reparo e torna-se utilizável novamente. Vasculhar a casa ou seu espaço (o quarto) de onde vive e organizá-lo. Também tentar deixar o ambiente mais harmônico e belo, dando ênfase às cores aconhegantes desta época. E claro dedicar-se a contemplar o belo ao seu redor, como um pôr-do-sol, o céu estrelado, as nuvens, borboletas pelo jardim, o som do vento. Tudo isto é possível, mesmo que não se tenha acesso a uma bela arquitetura, por exemplo.

Para fazer…

  • Colecionar folhas secas
  • Colecionar frases que remetem ao outono
  • Tingir papel com café
  • Colher folhas para fazer decalque com giz de cera
  • Decorar o ambiente com algo encontrado na natureza
  • Desenhar elementos do outono (pinhas, bolotas, esquilos)
  • Caminhar na floresta ou em lugares arborizados
  • Visitar sebos, bibliotecas ou livrarias
  • Ouvir Antonio Vivaldi e Bach
  • Assar marshmallow na fogueira

Para assistir…

  • Akage no Anne
  • Brambly Hedge Autumn Story
  • Gilmore Girls
  • Matilda
  • O Senhor dos Anéis
  • Edward Mãos de Tesoura
  • Gasparzinho
  • Peter Rabbit e seus Amigos
  • Bambi
  • A Menina no País das Maravilhas
  • Little Forest: Summer/Autumn

Acabei fazendo esse desenho rápido, todo de lápis de cor. Mas pretendo adicionar mais elementos para a paisagem, então vou passar o outono me cobrando para desenhar mais nele. Pretendo vir aqui mostrar o resultado.

Espero poder vir mais vezes aqui relatar as minhas pequenas aventuras outonais, pois estou bastante ansiosa pelos dias vindouros! Penso em poder comentar ao menos as leituras que eu conseguir fazer e fotografar bastante a natureza. Talvez eu faça uma pequena personificação do outono como ocorreu com a primavera. Enfim, deixarei a mente livre para que a criatividade brote naturalmente. Pôr em prática as minhas idéias é algo que alegra o meu coração. Fico por aqui e nos vemos em breve, se Deus quiser!

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Vida e arte de Beatrix Potter

Beatrix Potter nasceu em Londres, em 1866, na metade do reinado da Rainha Vitória. A prosperidade foi uma grande característica desta época, inclusive no mundo da arte, pois havia a escola de pintores pré-rafaelitas, caracterizada por sua extrema atenção aos detalhes. Os pré-rafaelitas encorajavam outros artistas a produzirem pinturas que celebravam a beleza da natureza e eles atraíram fortemente famílias prósperas como os Potters.

A menina Potter foi uma criança solitária e reclusa e este fato contribuiu para ela desenvolver apreço pelo desenho e pintura, logo estas ocupações se tornaram o seu principal interesse. O pai da Beatrix também foi um pintor, talvez esse dom tenha herdado dele e o Senhor Potter foi o primeiro a incentivar sua filha a ser uma artista das tintas. Sua mãe também praticava pintura em aquarela, da maneira amadora que tantas mulheres vitorianas faziam. Mas Beatrix era uma profissional de todo coração e passava horas se dedicando a estas atividades.

Em 1881, ela recebeu um Certificado de Estudante de Arte do Departamento de Ciência e Arte do Comitê do Conselho de Educação. Ela desenhava não apenas seus animais de estimação, mas também plantas, objetos e fungos: estes últimos se tornaram um interesse muito forte com o passar dos anos. Beatrix recebeu educação domiciliar, era a sua governanta que lhe ensinava e anos depois ela escreveu: “Graças a Deus, minha educação foi negligenciada“.

Um dia, Beatrix decidiu ilustrar sua própria história que publicou em privado em uma edição de 250 exemplares, o famoso “The Tale of Peter Rabbit“. No ano seguinte, 1902, o livrinho foi publicado pela Frederick Warne & Co., com as ilustrações da autora impressas em cores. O formato se tornaria mundialmente famoso e é substancialmente o mesmo hoje. Peter Rabbit foi seguido nos onze anos seguintes por outras dezoito histórias, incluindo dois contos breves e simples para crianças pequenas em formato panorâmico e extraível. Seu sucesso foi imediato.

Sobre suas inspirações e técnicas com a aquarela

Beatrix aprendeu a fazer pintura a óleo e aquarela, este último tornou-se o seu predileto. Suas primeiras pinturas maduras usaram uma técnica de pincel a seco de precisão miniaturista. Quando jovem, ela admirava o uso de cores por Raphael, que ela descreveu como “maravilhoso, claro, transparente e brilhante, mas suave e gentil“.  Era uma qualidade que ela aspirava em seu próprio trabalho, em pinturas de roedores e salamandras, bem como em estudos detalhados de carrapatos e cogumelos.

Ela percebeu que corria o risco de ter um trabalho excessivamente marrom (daí o lenço vermelho de Benjamin Bunny, por exemplo). Um dos elementos mais essenciais para o estilo realista único de Beatrix é seu poder de observação. Ela passou anos estudando a natureza, os insetos, os fósseis e os fungos que certamente treinaram seu olhar aguçado. Usando um lápis leve de grafite e fazendo uma marca suave sobre o papel, obteve um esboço com formas naturais e delicadas.

Tudo era romântico na minha imaginação“, Potter escreveu uma vez. Nas muitas centenas de pinturas em aquarela que ela completou antes que sua visão começasse a piorar na meia-idade, ela equilibrou o romance com uma sinceridade não afetada, nascida de seu grande entusiasmo ao longo da vida pelo mundo natural.

Beatrix também se inspirou bastante pela paisagem do local onde vivia. Ela passou a viver em uma vila que se aninha entre colinas baixas arborizadas com afloramentos rochosos, com altas paredes de pedra e campos tranquilos. Um ambiente bastante caseiro que logo serviu de paisagem para suas ilustrações e até hoje alguns desses lugares se assemelham bastante aos seus livros.

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Coisas que me fazem feliz

Os temas para escrever continua! Bem, já havia escrito este há um bom tempo, mas eu fiquei revisando várias vezes e depois apareceram coisas mais urgentes para serem feitas e ele acabou um pouco esquecido na gaveta. Porém estou novamente dando continuidade ao desafio. Segue o texto:

É preciso muita coragem para ver o mundo em toda a sua glória maculada e ainda amá-lo – O Marido Ideal, Oscar Wild.

O mundo é um verdadeiro mistério para mim, pois ao mesmo tempo que consegue despertar em meu coração profundas dores, também consegue arrancar de mim profundas alegrias.

Encontro a felicidade neste mundo através da ordem, da beleza e da bondade. A criação do Senhor possui todas estas características e acredito que seja este o motivo de me sentir tão feliz junto a natureza. Amo apreciar as cores únicas que se formam em cada alvorecer ou entardecer. Amo as formas de cada coisinha, das frutas, flores e plantas em geral. Amo tudo que encontro em minhas expedições pelas florestas tropicais e campos ou pelos recônditos da cidade. Tudo isto traz paz ao meu coração. É um breve momento, eu sei, mas para mim parece que a vida se torna mais suportável.

pedacinhos da natureza que encontro para deixar meu cantinho mais aconchegante.

Além do verde, algo que sei que traz alegria é a busca pelas virtudes. Este assunto lembra-me o livro Eclesiástico, pois uma passagem que diz o seguinte: “O temor do Senhor alegra o coração. Ele nos dá alegria, regozijo e longa vida.” Acredito que toda pessoa já sentiu uma certa paz ao praticar algo que sabe ser agradável a Deus, algo que é belo. Não sou exemplo para ninguém, mas isto não me impede de falar sobre o que é belo e bom. São Francisco de Sales dizia que mesmo que nós não sejamos virtuosos não é um empecilho para não falarmos a respeito. O próprio se dizia alguém não caridoso, mas sempre conversava sobre a caridade ao se dirirgir às almas que lhe foram confiadas.

É alegre desfrutar do seu próprio trabalho, é uma alegria dada por Deus! Sabe quando fazemos uma faxina daquelas na casa, e mesmo ao final sentindo um cansaço, ficamos satisfeitos? Temos um sentimento de dever comprido e tudo parece reluzir mais brilhante? Então, também é algo que deixa o meu coração feliz! É aqui também que a ordem se faz presente.

A busca pela sabedoria, a Verdade enche meu coração de alegria. É inefável o sentimento ao aprender algo, ao estar de frente com a absoluta verdade, ou de compreender um pouco mais sobre algo que sempre pensava. Sinto-me alegre entre meus papéis tingidos de café que uso para escrever coisas especiais e as tantas palavras de pessoas de outras épocas longínquas ou recentes que me falam da verdade e da beleza. Acho que jamais conseguirei explicar com precisam o que se passa dentro de mim ao vivenciar esta alegria.

A arte não pode deixar de ser mencionada como algo que traz alegria. Na verdade, ela me é uma necessidade quase como respirar. Gosto de ouvir música (apesar do meu gosto não ser um dos mais refinados), gosto de literatura clássica, pinturas, ballet clássico, costurar, desenhar, pintar com aquarela (às vezes com lápis de cor) etc. Mencionei costura, por exemplo, apesar de não ser considerado arte propriamente dita. Mas quem se importa? Levo no coração a definição dos gregos sobre arte: tudo aquilo que é transformado a partir de uma matéria prima.

(…) como a alegria e a felicidade tornam bela uma pessoa! Como ferve de amor o coração! Parece que queremos derramar o coração inteiro num outro coração; queremos que tudo esteja contente, que tudo sorria. E como é contagiosa a alegria! – Noites Brancas, Fiódor Dostoiévski.

 

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O adubo serve para frutificar

As pequenas misérias” também têm seu valor.” – Cartas a Théo, Vincent van Gogh.

Existe no livro A Arte de Aproveitar as Próprias Faltas uma metáfora sobre o adubo, uma matéria proveniente das “pequenas misérias” de seres vivos pequeninos, ser de grande utilidade aos jardineiros e agricultores. É este adubo que fortalece e frutifica os jardins e, de maneira semelhante, ocorre o mesmo com as faltas que são cometidas durante toda a vida, sejam pecados graves, ou veniais, ou pequenas imperfeições.

De maneira alguma é insinuado que o pecado seja bom por si mesmo. Evidentemente que não o é. Porém o leitor é ensinado a se utilizar de algo tão abjeto, que são as faltas cometidas, sejam elas deliberadas ou não, para o seu progresso na vida espiritual. Este crescimento se dá de tais modos: se humilhando diante de Deus e clamando por Vossa misericórdia; não se perturbando ou admirando por ter caído; meditando sobre o Amor de Deus e a Sua benevolência; inclinando o coração a uma grande esperança.

Um dos problemas que podem surgir quando nos desesperamos é de nos avaliarmos em cada pequenez de nossos atos e pensamentos, digo por experiência própria. Ter entrado em contato com os escritos e direções que São Francisco de Sales fez às pessoas, trouxe grande alívio ao meu coração e acabei lembrando-me de várias coisas como algo que está no livro Eclesiástico. É dito o seguinte: “Não procures o que é elevado demais para ti; não procures penetrar o que está acima de ti. Mas pensa sempre no que Deus te ordenou. Não tenhas a curiosidade de conhecer um número elevado demais de suas obras, pois não é preciso que vejas com teus olhos os seus segredos. – Eclesiástico, 3.

Bem, reflito que até mesmo a averiguação se permitimos ou não um pensamento intruso, por exemplo, são acontecimentos que não devemos procurar penetrar, pois é algo que está acima de nossas capacidades. Devemos sempre lembrar da infinita misericórdia de Nosso Senhor Jesus e caminharmos com confiança.

O livro foi de grande ajuda, mas considerei muito repetitivo em alguns momentos, o que me deixou um pouco desmotivada durante a leitura. Por outro lado, gostei muito de ter conhecido algumas histórias reais que não fazia idéia. Uma delas foi o que o Jesus disse a Irmã Benigna Consolata Ferrero. São palavras completamente consoladoras e as deixarei aqui para relembrá-las nos momentos que elas se tornarão um bálsamo.

“Não me deixo afastar pelas misérias, contanto que eu encontre boa vontade. Meu amor se alimenta consumindo misérias; a alma que me traz mais misérias, com tal que seu coração esteja contrito e humilhado, é a que mais me agrada, porque me fornece ocasião de cumprir mais plenamente o meu ofício de Salvador.”

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Roseira e Corvo

Era um final da tarde fresco e ameno. Observei um passarinho todo preto e achei mágico porque imaginei que estava combinando com ele! Durante o caminho existia um pequeno riacho, nele pequeninos peixinhos nadavam freneticamente, então levantei o meu olhar e encontrei uma roseira com uma linda rosa já desabrochada! Fiquei extasiada, pois se tratava de uma roseira silvestre! Notei que a flor aberta possuía pétalas abundantes, se comparado com a roseira comum.

O entardecer faz brotar em minha mente um poema do qual não sei como pôr em palavras. Mas ele consiste em luz do crepúsculo que acalma o olhar com suas cores suaves, os tons terrosos do riacho a burbulhar água, mas não ao ponto de causar espuma e roseiras silvestres que se curvam, como se quisessem se verem refletidas na água.

O meu Diário Naturalista Ilustrado ainda não possui uma ilustração, e surpreendentemente não estou triste por não ter conseguido tempo para pintar. Sei que terei oportunidades para dedicar às aquarelas… De qualquer modo, mês passado pôde ler bastante, alguns livros foram concluídos enquanto outros estão me acompanhando em fevereiro e espero trazer uma resenha de um que está me encantando!

Esta saia a chamei carinhosamente de Saia Corvo devido a sua cor. Há muito tempo estava desejando pôr mais peças pretas no meu vestuário e estou contente de aos pouquinhos conseguir fazer isto. Também estou aceitando encomendas desse modelo de saia (e outras peças) no meu ateliê Bennet Atelier. Ficaria muito contente se você pudesse dar uma olhadinha e compartilhar com suas amigas.

É um produto totalmente artesanal, desde a modelagem até a costura em si. Os botões e a casinha de botão fiz tudo à mão e foi algo que me deixou bastante satisfeita. O meu coração fica tão alegre de fazer pequenas coisas que se tornam grandes.

Outra coisa muito amorzinho que gostaria de ressaltar é que esta botinha preta foi da minha mãe. Ela resolveu passar para mim quando eu era uma adolescente de dezessete anos, hoje eu tenho vinte e nove, e a botinha continua linda, inteira e totalmente usável.

Seja lá quem foi que a fabricou, gostaria de me inspirar nesta pessoa sempre que eu pôr minhas mãos ao executar o meu trabalho porque eu valorizo bastante peças de qualidade e que possam ser passadas para outras gerações!

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A mãe do Pequeno Urso

Quando eu era criança assistia sempre o desenho O Pequeno Urso e nunca havia observado como seus pais se comportavam. Gostava mesmo de acompanhar as aventuras do Urso e seus amigos!

Li algumas historinhas de O Pequeno Urso e observei que a Mamãe Urso é um bom exemplo de feminilidade e mãe. As histórias são What Will Little Bear Wear; Birthday Soup; Little Bear Goes to the Moon; Little Bear’s Wish e ao longo desse post irei fazer alguns comentários a respeito de algumas e deixar algumas frases de São Francisco de Sales que fui lembrando ao longo da leitura. Fiz algo semelhante em uma resenha sobre o Winnie the Pooh e a humildade. Se você ainda não leu e estiver interessado aqui está a publicação.

“Ora. pois, eis-vos no lar, e não há remédio. É preciso que sejais o que sois: mãe de famil!a, visto terdes um marido e filhos, e forçoso é que o sejais de boa vontade e com o amor de Deus, mas por amor de Deus.” – São Francisco de Sales.

What Will Little Bear Wear

Nesta história, o Pequeno Urso diz a sua mãe que ele está com frio. Então a Mamãe Urso lhe dá um chapéu. Isso irá se repetindo continuamente e a mãe do ursinho sempre dando alguma idumentária para que ele deixe de sentir tanto frio. Em nenhum momento a senhora ursa demonstra aborrecimento ou impaciência pelo seu filho voltar a ela interrompendo as suas atividades incansáveis vezes… A Mamãe Urso está preocupada em deixar o seu filho bem, protegido e confortável.

“Preparo-me para suportar com paciência a morte, que só me pode acontecer uma vez, e não me preparo para suportar as incomodidades que recebo dos humores daqueles com quem convivo e trato, ou as importunidades de espírito que o meu ofício me acarreta, que se apresentam cem vezes por dia; é isso que se torna impertelto.” – São Francisco de Sales.

Birthday Soup

É aniversário do Pequeno Urso e ele está um pouco triste, pois acredita que sua mãe esqueceu do dia em que ele nasceu. Porém isto não se torna motivo para ele ficar desanimado ao ponto de não fazer nada. Então ele decide cozinhar uma “sopa de aniversário” e seus amigos são todos convidados. Quando a festa está acontecendo, a Mamãe Urso aparece com um lindo bolo e diz ao seu filho que jamais se esqueceria do seu aniversário!

“Mantende-vos, pois, alegremente humilde perante Deus; mas conservai-vos igualmente alegre e humilde perante o mundo. Aceitai de bom grado que o mundo não lhe dê importância.” – São Francisco de Sales.

Little Bear Goes to the Moon

Considero essa história a mais engraçada. Olha só a cara dela quando o urso diz que vai para a lua haha. Bem, Pequeno Urso colocou na cabeça que irá para lá mesmo sua mãe lhe dizendo para não fazer esse tipo de brincadeira. Ele entra no mundo da imaginação fingindo que está mesmo fazendo uma viagem espacial e encontra uma casa com a mesa posta para o lanche e aparece sua mãe, esta por sua vez começa a entrar na brincadeira fingindo que aquele urso é uma criatura extraterrestre e o pobre urso começa a ficar desesperado falando “mãe, sou eu, o Pequeno Urso”.

Terminei a leitura com muita vontade de assistir mais uma vez o filme e os desenhos. Também observei as ilustrações do Maurice Sendak e ele fez um trabalho incrível!

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O menino pastor de Vespignano

Era uma vez, vivia na Itália um pequeno pastorzinho que gostava tanto de desenhar que pegava um graveto e desenhava com ele nas estradas empoeiradas e nas rochas arenosas.

Você pode se perguntar por que ele usou ferramentas que não são de desenho, mas era todo o material que ele podia chamar de seu. Papel e tinta estavam muito além do que um menino pastor poderia comprar. Mas Giotto, esse era o nome dele, desenhava muito feliz as suas ovelhas com amor e cuidado.

Um dia, um grande artista chamado Cimabue passou por Giotto e observou que ele estava absorto em seu desenho. Sua curiosidade foi despertada e, desmontando do cavalo, ele se aproximou. Para sua surpresa, ele viu uma série de lindos pequenos esboços.

Ele começou a conversar com Giotto e logo descobriu que toda a alma do menino estava em sua arte simples. E, sendo um homem sábio e muito generoso, decidiu fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para educar o menino como artista. Em pouco tempo o pastorzinho deixou Vespignano e foi para Florença, onde entrou no ateliê do grande homem. Sendo extraordinariamente talentoso e mais trabalhador do que o normal, ele fez um rápido progresso em sua arte. Ele logo ultrapassou seu mestre e, com o passar do tempo, foi aclamado o principal artista de sua época.

Esta é a história de Giotto di Bondone. Ela me fez pensar que quando queremos realmente aprender algo, utilizamos os meios que já temos acesso. Se você possui a vontade de desenhar ou de se aprimorar mais, não espere ter aquele lápis ou aquele papel perfeito… Comece já! Não minta para si mesmo dizendo que não consegue desenhar isto ou aquilo. Ou que não possui boas ferramentas de arte.

Vou me inspirar na história de Giotto para aprender outras coisas que sonho, mas fico mentindo para mim mesma sempre.

Comecei então a me aventurar ao desenhar pessoas e cenários. São coisas que eu só pensei em me aprofundar há pouco tempo e estou feliz pelo simples fato de ter começado. Então resolvi tentar ilustrar o menino Giotto no começo da sua vida artística.

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Diário Naturalista

Um novo ano começa e novos projetos também! Há anos penso em fazer um diário naturalista igual a Edith Holden fez, inclusive penso em ilustrá-lo. Então por que não aproveitar que tenho acesso a bastante natureza, principalmente da Mata Atlântica, para finalmente pôr em prática esse desejo? Deixo uma pequena observação de que esta área que costumo explorar é influenciada por atividades humanas, portanto existem espécies que foram introduzidas. Então prometo me esforçar para ilustrar somente aquelas que eu tiver certeza que são naturais deste bioma.

Penso vir aqui no final de cada mês fazer uma postagem descrevendo tudo o que anotei em meu caderno durante esse tempo. Mas como estou iniciando este projeto aqui no Bosque, já vou deixar algumas fotografias e descrições. As ilustrações deixarei para um próximo momento, pois estas requerem um certo tempo para ficarem concluídas.

J A N E I R O

Dia 01: O dia está ensolarado. Saí pela estradinha acompanhada do meu marido e de Camponesa e Princesa, duas cachorras vira-latas que amam acompanhar humanos em suas expedições. Notei que as flores amarelas (Sphagneticola trilobata) que são bem comuns, estavam repletas muito mais que o normal. Acredito que seja época delas deixarem os campos dourados. Esta flor da família Asteraceae é muito utilizada como chá para combater inflamações. Havia abelhas da espécie Apis mellifera visitando-as. Tive o prazer de observá-las de pertinho.

Também observei que a árvore de azeitona preta está florida, então em breve poderei colher algumas azeitonas para fazer tinta roxa. O jambo está cheio de frutos. Não colhi muitos porque vários estavam já mordiscados pelos saguis e beliscados pelos pássaros. O tempo ficou nublado em alguns momentos, mas não choveu. Observei flores roxas de maracujá. Abelhas do gênero Bombus estavam se deleitando nelas, uma delas era de um amarelo queimado e carregava bastante pólen.

O outro tipo de flor de maracujá também estava recebendo visita de várias abelhas da espécie Trigona spinipes, algumas flores já haviam se transformado em fruto, ainda muito verde. Os pássaros que observei foram um corruíra (Troglodytes aedon) procurando um local para fazer o ninho. Um beija-flor de bico curvo, a espécie era Glaucis hirsutus, estava tentando construir um ninho sob a folha de uma bananeira.

No final da expedição, resolvi tentar desenhar esta flor através da observação. Foi a minha primeira tentativa e considerei bem difícil. Espero poder melhorar com o tempo.

Ainda notei um pássaro grande e um beija-flor. Mas foi tudo tão rápido que não consegui observar muito suas características. Essa vou ficar devendo.

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Um conto para o Natal

O Advento se aproxima e eu tenho a tradição de ler, assistir, cozinhar, entre outras atividades que me façam lembrar do Natal.

Há oito anos atrás eu estava em um sebo procurando algo do Tolkien para conhecer mais este autor, acabei levando O Silmarillion, que foi o segundo livro dele que li, e também encontrei uma edição bem antiga com palavras ainda acentuadas com circunflexo, do Hans Christian Andersen, era um dos volumes de uma coleção. E há um conto chamado “O Pinheiro” do qual senti vontade de escrever algumas palavrinhas a respeito.

Esta história é sobre um pinheiro de Natal. Ele é jovem e está muito ansioso para crescer e ser tão alto e brilhante quanto os demais pinheiros da floresta. Este jovem pinheirinho passa muito tempo reclamando que queria ser de um jeito, que gostaria de ter aquilo etc. Ele nunca está satisfeito ou grato com nada. O sol e a brisa do vento o aconselham a se algrar por sua juventude e pelas graças que possui. Mas não adianta, ele continua se queixando.

O que ele mais se queixa é da lebre que sempre salta por cima dele. Parece que o Pinheiro se sente humilhado porque uma lebre consegue pular ao ponto de ficar maior que ele. O pinheirinho parece sentir inveja também dos demais porque para ele, todos são melhores que ele de algum modo. Os dias vão passando e ele vai crescendo, porém ainda não é o bastante. A queixa é algo muito recorrente em sua vida.

Até que um dia, uma família se surpreende com a sua beleza e resolve levá-lo para casa. O pinheirinho fica muito animado, imaginando que receberá algum tipo de glória. De fato, ele recebe, pois se tornou a árvore de Natal daquele lar. Velas, nozes, presentes, luzes e tudo mais o enfeitavam e ele se sentia maravilhado com tudo aquilo. As crianças brincavam ao se redor e ele ouvia as histórias que os mais velhos contavam.

O Natal passou e o Pinheiro foi deixado de lado e jogado num aposento da casa que é onde se colocam coisas que não são usadas. O Pinheirinho ficou desolado e passou a refletir no quanto ele era feliz lá na floresta, mesmo sendo pequenino. Ele percebeu como foi tolo por ter se queixado tanto, que a sua vida era tão alegre, mesmo com problemas tão insignificantes.

Este conto me fez pensar sobre a finitude da vida e como é uma atitude boba viver reclamando de tudo da nossa vida. Sobre a glória desse mundo que é passageira, e um dia podemos estar cheios de luzes e nozes, e no outro dentro de um sotão escuro sem nenhum amigo porque perdemos a nossa beleza.

Que o Menino Jesus conceda a graça de termos um coração sempre grato, independente das circunstâncias que nos encontrarmos e também almejarmos a glória do Céu e não das coisas temporais.

Obrigada pela visita. ♡